terça-feira, 25 de agosto de 2009

Considerações sobre o roteiro

Caros colegas,

eu queria que discutíssemos neste tópico o roteiro do filme colaborativo. Peço a vocês para que apresentem suas considerações, mostrando os pontos positivos, negativos, as sugestões de alteração do título à ultima fala. Dessa forma, terminaremos o processo de participação colaborativa e ficaremos todos à espera da obra finalizada, que será exibida no blog.

Peço para que os participantes leiam o roteiro e façam essas considerações até a quarta-feira:

02/09/2009

15 comentários:

  1. Puta que pariu, o blogger tá loucão sem me deixar colar nada. Ainda me sacaneia quando tento postar qualquer coisa. Vou mandar pro seu e-mail as considerações que escrevi.

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  2. Eline:
    luzluzeline@gmail.com

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  3. Galera,

    Saul está com dificuldade de postar o comentário dele no blog. Por esse motivo, ele me enviou as considerações por e-mail. Perguntei se eu não poderia postar a o comentário na íntegra. Ele concordou e aqui segue o texto completo.

    "O blogger não me deixou postar lá.


    Em primeiro lugar, tenho que parabenizar pela construção do roteiro que conseguiu absorver muito do que foi discutido nos posts anteriores de forma equilibrada e adaptou muito bem os vícios do gênero noir. Pegar um roteiro de 20 páginas pra ler, pensando em só dar uma leitura por alto e acabar realmente lendo por completo (que é o que me aconteceu) já é um feito pra quem escreve, porque a boa escrita do roteiro é isso mesmo, conseguir prender o leitor (senão a produtora opta por realizar outro roteiro e não o seu, etc). O diálogo está bem fluido, não acho que vai ser um problema pra quem atuar - com exceção de algumas falas, muito poucas, o que é uma estranheza sempre presente em qualquer roteiro (o que cada pessoa vai sentir em momentos diferentes, então nem vale citar quais, pois só quem escreveu sabe realmente como deverá ser proferida a fala).

    Então, o que eu vou dizer aqui são basicamente três coisas mais relacionadas à estrutura e ritmo, o que eu posso dizer com segurança por conta da experiência na edição. Todas são sugestões, na verdade, embora a última seja mais suscetível de uma revisão realmente.

    As duas primeiras são a falta de necessidade do V.O de Parombal na cena 9, assim como o V.O de Doutor K. na cena 10. Claro que as duas adquirem um toque de entendimento maior pra quem não está acostumado a assistir esse tipo de material, mas a verdade é que todas as informações presentes ao longo do roteiro dispensam essas falas, a voz over de Gomide é o bastante para um noir curto e também... vai ficar mais “classudo” como dizem alguns, se essas falas forem cortadas.

    A última, e que eu vejo como um problema realmente é o corte temporal entre cena 7 e 8. Embora não interfira na compreensão, é certeza absoluta de minha parte que essa fusão vai ficar ruim pro ritmo do todo, na hora de editar o material. Fora que o acréscimo de uma seqüência (que não necessitaria sequer de falas) no ambiente interno do supermercado (onde Gomide vigiaria Doutor K. e o seguiria depois pelas ruas até aborda-lo, cortando então para a cena 8) iria dar um toque interessante por ser uma cena noturna, pelo colorido do ambiente do supermercado... mas o principal mesmo é que impediria o salto temporal repentino, quando o ritmo estava em outra velocidade.

    É isso. Parabéns mesmo, adorei as alusões retóricas e visuais indo e voltando ao longo do roteiro quanto à questão do café/pitu, ficou genial.
    Boa sorte nas filmagens!"

    (SAUL MENDEZ)

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  4. Assim como Saul, abri o arquivo para olhar "por alto", até pq estava em horário de almoço... mas o roteiro foi desenrolando e quando vi já estava no final. Parabéns!
    Como já disse, não sou grande entendedor de cinema, mas tenho algumas considerações, na verdade, muito pequenas.

    Na CENA 1 senti uma oscilação na maneira de falar dos personagens. Na verdade mais em OSÓRIO. Inicialmente ele parece oposto ao jeito de GOMIDE no que se refere a forma de se expressar verbalmente. GOMIDE fala “fudido, caralho, escambal”... Já OSORIO parece moderado. Mas tem um momento que ele usa gíria muito parecida com o linguajar de GOMIDE. Ex:

    OSÓRIO
    “[...] SABE DEUS por quê ele faz isso. O cara deve ser muito GENTE RUIM”. Essas expressões não “casam” muito com o “MERDA” da frase mais a baixo: “Eu quero esse MERDA aqui na minha frente antes que o outro departamento pegue ele.” (Poderia ser justificado num momento de explosão, porém em outros momentos o personagem é muito comedido).
    Sobre GOMIDE e noutra perspectiva, CANGUINHA não seria uma expressão muito regional para esse roteiro?.
    GOMIDE
    “Que nada. Era só pra ver se você me oferecia um pouco do café, seu CANGUINHA...”

    Não sei se deu pra explicar, mas é só para atentar do estilo de cada um.

    Ahh outra coisa sobre o perfil dos personagens. Esses personagens são brancos? Ficou subentendido que seriam, já que você destacou que PAROMBAL seria moreno.

    Como disse, são pequenas observações que pode não ser relevante no todo, mas são detalhes que pode colaborar para não deixar lacunas.

    CENA 7: A fala de GOMIDE é V.O?

    Tb concordo com Saul sobre a temporalidade entre FUSÃO da CENA 7 para 8. Mas não sei se seria o caso de fazer a cena no supermercado. Será que se colocasse um FADE e uma indicação temporal do tipo “mais tarde”, “na manha seguinte”, não resolveria? Se bem que pode quebrar com a estética, né? Bom, é uma questão a se pensar.
    No mais, o roteiro está ótimo! Parabéns!

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  5. quando li o roteiro, também estranhei o salto da cena 7 pra oito, mas aceitei porque, como também já disse no meu primeiro depoimento no blog, não saco tanto de cinema e pensei que isso talvez, depois de filmado, ficasse legal.

    enfim, podia ter um momento intercalando essas duas cenas, né. talvez uma coisa que funcionasse como um "chiado" no ritmo, uma sequencia acelerada mostrando gomide avistando o doutor e o abordando em seguinda, com uma música igualmente acelerada. uma coisa bem rápida sei lá. essa é só uma alternativa à de saul, que provavelmente seja a melhor já que ele saca de edição e deve saber o que pode ser colocado ali pra não quebrar o ritmo da narrativa.

    bom, o roteiro ta muito bacana e eu to curioso pra ver o resultado depois de gravado e editado!

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  6. Adorei o roteiro. O ponto forte é a informalidade dos diálogos, as expressões escolhidas, palavrões, gírias, tudo contribuindo para conduzir o leitor na história de forma envolvente e descontraída.

    O roteiro ta excelente e depois de tanto tempo trabalhando com você não esperava menos. As considerações que farei a seguir são apenas de detalhes que senti falta e vou expor para que você reflita se são ou não relevantes.

    Aprendi que a leitura de um roteiro deve proporcionar a visualização do filme e eu não consegui fazer essa construção imagética em todas as cenas. Creio que o um pouco mais de detalhamento do ambiente e principalmente dos personagens (aspectos físicos, roupas, traços) resolveria isso.

    Nos diálogos senti falta de algumas indicações nos tons das falas como raiva, sarcasmo, insegurança, pequenos apontamentos que fariam o leitor “ouvir” seu personagem falando e futuramente ajudaria da condução da atuação.

    Por último (aqui nos meus comentários, mas em primeiro lugar no roteiro), e não sei se todos concordarão comigo, senti falta daquela parte chata, que a gente acha desnecessária e depois a gente percebe o quanto é essencial: a Biografia dos personagens. Quem são eles? De onde vieram? Quais suas trajetórias de vida? Como são suas personalidades? Do que eles são (ou não) capazes? Acho que valeria a pena dedicar um tempinho a essa parte, para fazer com que a gente fique mais íntimo de cada um deles. Essa biografia seria útil tanto nesse momento de apresentação do roteiro, quanto futuramente para que seus atores incorporassem os personagens.

    Todos os meus apontamentos são apenas particularidade que acredito contribuírem tanto agora quanto posteriormente durante esse processo. O principal que é a idéia, tá excelente. Parabéns!

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  7. Bem, como algumas pessoas já postaram comentários a respeito do roteiro, acho interessante eu tentar filtrar e analisar essas considerações.

    Primeiramente, eu gostaria de agradecer ao aspecto criterioso dessas postagens. Era bem o que eu queria e o que se propõe essa nossa relação de interação.

    Espero que as próximas postagens tbm possam ser criteriosas.

    Saul: achei que ele pontuou aspectos demasiado interessantes do roteiro. Realmente, se o roteiro se ativer apenas a (V.O.) de Gomide, a estética ganharia um pouco mais de classe. Informo que a intenção de encaixar as narrações de Parombal e Doutor K. deveu-se à tentativa de deixar implícito que todos os narradores estão mortos, ou seja, é uma narração além-túmulo de Gomide, Parombal e Doutor K.
    Mas como frisou Saul, é mais interessante realmente que Gomide seja o único narrador da história.

    Em relação à cena do supermercado, sua supressão se deu por conta da falta de disponibilidade de um dos atores envolvidos na cena. Concordo que isso quebra o ritmo da narrativa, foi proposital até. Entretanto, entendo que isso possa comprometer a unidade estética e imagino que uma cena de Gomide próximo ao supermercado para preencher essa falta.

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  8. Charles: concordo perfeitamente com essa oscilação do personagem Osório na cena 1. De fato, há uma certa contradição em uma das falas, questão que eu já tinha percebido numa revisão mais criteriosa do roteiro.

    Quanto à questão do Parombal ter uma descrição física um pouco maior do que os outros três personagens centrais aconteceu porque eu escrevi a história já pensando nos atores que interpretariam os personagens, com excessão de Parombal. Foi bem assim mesmo. Então, eu enfoquei mais as características físicas de Parombal para facilitar na procura por um ator que interpretasse este personagem.

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  9. Filipe Brito: também chamou a atenção para a transição entre as cenas 7 e 8. Sendo assim, em partes, a resposta é praticamente mesma que foi para Saul. Ou seja, houve essa quebra e ela pode ser reparada com uma cena do supermercado onde Gomide está presente. Acho que não fica legal mostrar o Doutor K. neste momento. É bom deixar um certo suspense. Também se a cena for acelerada, talvez não fique tão legal assim, por conta da estética do filme que é bem paulatina.

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  10. Quel: quando eu fiz o roteiro, não pude deixar de focar a questão da produção, uma
    vez que a história deve ser realizada. Acho que talvez por isso, alguns cenários não tenham um detalhamento muito grande. Mas muitos estudiosos de roteiro de cinema até defendem a ideia de que não deve haver tanto detalhamento assim na escrita do roteiro, a não ser que todos os objetos de cena sejam mostrados detalhadamente. O que não é o caso. O roteiro deve ter uma base semelhante ao tempo da narrativa, isto é, uma página por minuto de filme.

    Quanto aos diálogos, também não concordo muito, embasado em vários estudiosos das teorias do roteiro cinematográfico e também no meu modo de trabalhar, meu método. Acho uma quantidade excessiva de indicações de tom de fala, tipo de voz, sentimento do personagem engessam demais a interpretação. Os atores é quem devem fazer isso subjetivamente na leitura do roteiro. Eles é quem tem que imprimir esse ritmo e essas características e eu, como diretor, devo conduzir essas atuações a uma proximidade com o que história exige em matéria de verossimilhança.

    No que tange à biografia dos personagens, por extenso, separada do roteiro, aí eu até concordo. De um modo ou de outro, numa leitura atenta, acho que se pode perceber bem o perfil de cada um: isto está implícito nos diálogos e nas ações. Contudo, concordo com você no fato de formalizar isso para aproximar mais os personagens dos participantes do blog, embora não seja um fato usual num roteiro comercial. Mas pode ajudar no processo nosso de construção.


    Desde já, agradeço aos elogios que vocês fizeram e agradeço ainda mais pela avaliação criteriosa, que eu era bem o que eu queria neste tópico.

    Mas continuemos. Vamos ver o que os outros participantes postarão aqui. O espaço continua aberto, até mesmo para as pessoas que já fizeram considerações e podem querer apontar mais uma ou outra coisa.

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  11. Como previsto, anuncio que as discussões estão encerradas.

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